Fáscia são planos de tecido conjuntivo, organizados no corpo humano em camadas. Elas envolvem e dão forma aos músculos, preenchem os espaços e dão unidade à estrutura, ao mesmo tempo em que criam as condições necessárias a que cada segmento do corpo funcione de maneira adequada e em cooperação mútua. Flexibilizar os tecidos, descolar as camadas umas das outras e reposicioná-las, reduzindo as tensões e os encurtamentos, estão entre as principais tarefas empreendidas no processo de integração.
A fáscia também atua como um “leito de rio” para o fluxo de fluido intersticial, que interfere nos sistemas imunológico e hormonal. Desempenha por isso um papel determinante na qualidade do movimento, do humor, do estado de alerta e bem-estar geral. Mesmo antes do nascimento e durante a primeira infância, disturbios e deslocamentos da fáscia podem desenvolver padrões de movimento e desequilíbrios estruturais.
Após as sessões do Método Rolf, espera-se encontrar conjuntos de fáscia e músculos dotados de mais e melhor plasticidade, facilitando as trocas metabólicas e promovendo a saúde. Além disso, uma estrutura corporal mais bem organizada está também mais receptiva à experiência sensorial, base física da propriocepção e do autoconhecimento.
A fáscia é um dos vários aspectos do tecido conjuntivo. No óvulo fecundado, em poucos dias já são discerníveis três sistemas funcionais – o ectoderma, o endoderma e o mesoderma. O Método Rolf considera as estruturas derivadas do mesoderma, o último dos sistemas a se desenvolver. Nele existe uma subdivisão, chamada mesênquima, que irá formar os ossos, os músculos, os ligamentos, os tendões e a fáscia. Esse conjunto de tecidos, em qualquer ser humano, é o responsável pela nossa posição no espaço físico tridimensional e que nos diferencia e individualiza em relaçao ao espaço externo.
É comum pensar o corpo apenas em termos de ossos, músculos e nervos. Para facilitar a compreensão do que é e qual a importância da fáscia no corpo humano, Ida Rolf evocou a imagem de uma laranja. Nessa fruta, a “fáscia” seria a película que forma, separa e ao mesmo tempo une cada um de seus gomos. É ela que cria as condições estruturais que dão forma à laranja – e nos permite reconhecê-la como tal. No corpo humano, a fáscia tem a mesma função, com a diferença básica de que o corpo humano é uma estrutura viva, em constante movimento.
Segundo a dra. Ida Rolf, a fáscia é (também) uma camada protetora:”Você pode descascar uma cebola, camada por camada até o miolo; sua semente ainda estará lá e, se você a puser na terra, ela crescerá. Mas se você pegar uma faca e empurrá-la até o miolo, a semente terá sido rompida. Acontece coisa parecida com os corpos”.